segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Nosso mundo

Poderia permanecer assim, vivendo. Praia, confidências, violão, prazer. É tudo muito intenso. Eu sou assim... dá pra perceber? Gosto da explosão de sabores, de conversar até o assunto acabar, cantar até não sair mais som, beijar até faltar o fôlego. Deveria ser ainda mais profunda, menos dúvida, mais coração, menos medo, mais as intimidades. É injusto deixar a indecisão superar a convivência. Deixo pra pensar nisso nos dias de folga. Depois lembro da boca ensaiando o sorriso, as roupas espalhadas pela casa, o café da manhã na cama. Canjica Gincana. Pra descontrair, a sensibilidade de um elefante e o romantismo de um rinoceronte. Carinho contido nas entrelinhas, ambos. Queria que fosse sempre assim, sem noites de chuva e dias nublado. Peço pra esquecer por mais tempo e permanecer. As vezes praguejo o não cumprimento da minha decisão de fugir. Hoje foi prova de fogo e quis arriscar. Precisava de algumas respostas. Já é fácil ler os olhos, boca e mãos. No caminho de casa, música, a carteira que ficou e muitos pensamentos. Algumas conlusões e poucas decisões. Uma certeza: me sinto completa.



Trilha: "Não sei se o mundo é bom mas ele está melhor desde que você chegou e perguntou: tem lugar pra mim?" [Nando Reis]

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

dois em um

Não me acostumo à idéia de fraqueza. O corpo carrega um cérebro e um coração justamente para que os diversos conflitos que teimam em atazanar sejam resolvidos. Costumo me dar um prazo de dois dias pra me entregar intensamente ao sofrimento e no terceiro voltar a viver. É um ótimo condicionamento cerebral pra não se deixar entregar ao que te tira a fome.
O meu prazo está terminado ao acordar. Deve ser o motivo de eu ainda não ter ido dormir. Autossabotagem. Não é fácil permanecer imune ao telefonema de uma grande amiga que chora e pede para você não mudar de cidade. Ela - e as outras dezoito que me rodeiam - mal sabe o que vai significar saudade pra de cá. Sinto seu amargo sabor desde já e choro... baldes.
É estranho percorrer o caminho inverso. Os dias vão passando e a dor só aumenta. Pratico diariamente a criatividade, buscando formas de, mais uma vez, sabotar esse sentimento, esquecer o apego, a vontade de ficar... Pra piorar, outras decisões importantes que eu preciso tomar insistem em virar pauta no meu cérebro simultaneamente a todo esse processo de extrema sensibilidade. Não! Essa sensibilidade não consegue influenciar positivamente as outras decisões. Necessidade de autoproteção ampliada, fuga. Resolvi parar de pensar, medo do meu racional.
Por enquanto meu nome é interrogação e meu sobrenome é apego. Só há uma certeza. Essa sensação de fraqueza e dúvida foi uma das poucas coisas que conseguiu realmente me tirar do eixo, violentamente. Não gosto dela e superar é uma meta. Whatever, percebi que hoje não era um bom dia pra tirar conclusões, estabelecer parâmetros, nem decidir nada de coisa alguma. Agora vou dormir, já me sinto segura pra acordar. Ponto pra mim.
Trilha: "A qualquer hora o mundo pode confundir sua cabeça. É preciso ter amor pra enfrentar o que aconteça. Se é a pressão que impede de ter a cabeça boa. É preciso ter coragem e a aprender a voar..." [Natiruts]

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Dois Olhos


Tenho mania de imaginação. E pena daqueles que aceitam o mundo como ele é, sem cogitar a possibilidade de viver ou enxergá-lo de acordo com os próprios desejos, com a voz do coração. Uma vida real demais. Prefiro meu universo pararelo, e preciso.


Para isso, ando sempre com os dois olhos bem abertos. Um carrega a responsabilidade de captar o mundo em sua forma mais original e severa. O outro, ah o outro... é o meu olho do coração. Com ele, eu mudo o meu mundo e faço meus finais.


Para ele, tudo é possível. Não há espera nem pressa. Tudo acontece de acordo com meu sentimento. O tempo é meu. Não existe medo, dor, confusão e os dias sempre são de sol e brisa no rosto. Tudo eu posso fazer, e faço. Não há mentira, falso moralismo, hipocrisia. Completamente imune aos maus pensamentos e energias negativas. Um lugar só meu e para onde carrego os poucos que eu escolhi pra mim.


Lá eu sou o que ninguém conhece, nem ouviu falar. Não sou ninguém e sou todo mundo. Não penso, falo, sempre, e tudo. Sem julgamentos, sem mágoas e discriminação. Sou o que não há espaço para ser aqui. Expresso tudo que o coração queria gritar, mas não grita. E ouço tudo que ele necessita pra ficar pleno, e por aqui não ouve, e confunde, e faz perder o sono.


Estou lá sempre que posso, a qualquer momento. A cada vontade de mudar o real, de viver diferente, de maximizar. Através do meu coração, sempre há um chance. E quando volto para o olho do mundo é a esperança renovada. Pena você não poder conhecer o ritmo da minha melodia imaginária.



Trilha: "Se for embora leve um sorriso meu. Guardado no teu peito, meu coração agora é seu. Mas se ficar ganha um beijo meu. Com sabor de alegria. É um presente que Deus me deu" (Chimarruts)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Rotina


Tenho um jeito bem meu de não expressar certos sentimentos e sensações. Quase como uma caixa. Pra conseguir acessar o conteúdo interior é necessário percorrer algumas etapas. Você pára, me percebe, chega perto e, caso eu acredite que você merece a minha confiança e dedicação, desembrulha o pacote.



E não dá pra pular as etapas. No caminho vai surgindo a cumplicidade, o respeito, a sinceridade e, principalmente, a confiança. Sem dias contados, pura sintonia, descoberta. Enquanto isso, muitas palavras mas poucas declarações. Até o dia que a racionalidade vai ficando de lado e as frases, mal construídas por influência da timidez, vão surgindo.


Talvez não seja expert [nem perto, inclusive] em reconhecer o momento de começar a falar, e por isso, utilizo meus sentidos em sua devida proporção. Dois ouvidos e uma boca. Então, não ache que é firmeza ou solidez. Sinto tudo, toda hora. Só tenho um pouco de medo de desembrulhar um coração que não é de plástico.






Trilha: "E se um grande prazer rola pelo ar. Brilhante como uma estrela... leve e louco, sem pressa de acabar"